Mauro Mota
Minha alma! Amiga! Vem de tua fronde
a encarnação da dor num grande grito!
Abres os braços, gritas ao infinito,
mas a voz do silêncio é quem responde!
Tão moça és! No entanto, não sei onde
possa encontrar o bálsamo bendito
que cure a imensa chaga que se esconde
pelas entranhas do teu ventre aflito!
E a maior dor das tuas grandes dores
é a de viver aos sóis das Primaveras
sem a fecundação que, ansiosa, esperas.
Tua mísera tristeza simboliza o luto!
Talvez fosse melhor nunca dar flores
Do que florir somente, e não dar fruto!
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