Os Mais Belos Sonetos

Coletânea de sonetos escritos por poetas brasileiros, lusos e de outros paises

Ernani Rosas

Noite irmã da tristeza e da ansiedade
e das almas, que ignoram a alegria...
Sombra feita de assomo e claridade,
Evocadora ideal da nostalgia!...

Tua boca não canta uma elegia!
Calou-se a vibração da imensidade...
como um soluço à frouxa luz do dia,
ou, névoa, que velara a eternidade!

Não te ouso contemplar a face escura
e prossigo a cismar à luz dos astros...
Escondendo entre as mãos a fronte impura!

Para ocultar-me a lúgubre presença
do teu espectro, que ficou no rastro
da estrela, que lavrou minha sentença!... 

Tobias Barreto

Bela!... nem sentes o ruir da vida,
Celeste arroio que te cobre a planta,
Bafejada dos ecos, estremecida,
Etérea, límpida, impalpável, santa!...

Num fio odoro tua imagem sigo,
Teu nome doce como um hino entoo:
Eleva-me, que amar-te é voar contigo,
Ser águia e de anjo acompanhar-te o voo.

E tua alma também por que não voa?
Podíamos subir, vagar à-toa
Pelo infinito sós;

Eu faria de amor hinos e preces,
Um ninho para ti... Se tu quisesses,
Um ninho para nós... 

Cruz e Souza

Ó Mãos ebúrneas, Mãos de claros veios,
Esquisitas tulipas delicadas,
Lânguidas Mãos sutis e abandonadas,
Finas e brancas, no esplendor dos seios.

Mãos etéricas, diáfanas, de enleios,
De eflúvios e de graças perfumadas,
Relíquias imortais de eras sagradas
De amigos templos de relíquias cheios.

Mãos onde vagam todos os segredos,
Onde dos ciúmes tenebrosos, tredos,
Circula o sangue apaixonado e forte.

Mãos que eu amei, no féretro medonho
Frias, já murchas, na fluidez do Sonho,
Nos mistérios simbólicos da morte! 

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