Belmiro Braga
Se ouvires, a sonhar, uns vãos rumores,
Não são as aves festejando o dia:
- São os últimos gritos que te envia
Meu triste coração, morto de amores...
Se sentires uns tépidos olores,
Não penses que é o rosal que te inebria:
- É a minha alma nas ânsias da agonia
Que, só por te beijar, se muda em flores...
Se vires baloiçar as níveas gazas
Do dossel de teu leito, não te afoites,
Nem te assustes, querida! São meus zelos
Que vão, de leve, sacudindo as asas,
Carinhosos, beijar, todas as noites,
Teus olhos, tua fronte e teus cabelos...
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Luís Guimarães Júnior
A vida dele era uma gargalhada,
A vida dela um pranto. Ela chorava
Sob o cruel trabalho que a matava,
Ele ria na tasca enfumaçada.
Jamais nos lábios dela a asa dourada
De um sorriso passou: jamais na cava
E horrenda face dele resvalava
Sequer de um pranto a pérola nevada.
Mas Deus, que deu à entranha de Maria
O Redentor dos homens, Deus lhe fez
Uma esmola: - Deus fê-los pais um dia;
E, enfim, beijando ao filho os níveos pés,
Pela primeira vez ela sorria,
E ele chorou pela primeira vez.
Afonso Celso
Geme no berço, enferma, a criancinha,
Que não fala, não anda e já padece...
Penas assim cruéis, por que as merece
Quem mal entrando na existência vinha?!
Ó melindroso ser, ó filha minha!
Se os céus ouvissem a paterna prece,
E a mim o teu sofrer passar pudesse,
- Gozo me fora a dor que te espezinha.
Como te aperta a angústia o frágil peito!
E Deus, que tudo vê, não te a extermina,
Deus que é bom, Deus que é pai, Deus que é perfeito!
Sim, é pai, mas - a crença nô-lo ensina:
- Se viu morrer Jesus, quando homem feito,
Nunca teve uma filha pequenina.
Fagundes Varela
Desponta a estrela d’alva, a noite morre.
Pulam no mato alígeros cantores,
E doce a brisa no arraial das flores
Lânguidas queixas murmurando corre.
Volúvel tribo a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes cores;
Soluça o arroio; diz a rola amores
Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.
Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Às carícias da aurora, ao céu risonho,
Ao flóreo bafo que o sertão perfuma!
Porém minh'alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
- Oh! mundo encantador, tu és medonho!
Olavo Bilac
Para a porta do céu, pálida e bela,
Ida as asas levanta e as nuvens corta.
Correm os anjos: e a criança morta
Foge dos anjos namorados dela.
Longe do amor materno o céu que importa?
O pranto os olhos límpidos lhe estrela...
Sob as rosas de neve da capela,
Ida soluça, vendo abrir-se a porta.
Quem lhe dera outra vez o escuro canto
Da escura terra, onde, a sangrar, sozinho,
Um coração de mãe desfaz-se em pranto!
Cerra-se a porta: os anjos todos voam.
Como fica distante aquele ninho,
Que as mães adoram... mas amaldiçoam!