Os Mais Belos Sonetos

Coletânea de sonetos escritos por poetas brasileiros, lusos e de outros paises

Carlos Arnaud

Na sala quieta, em tarde sem alento,  
Desliza um véu de névoa invisível,  
Um frio estranho, quase imperceptível,  
Caminha suave, feito um pensamento.

Não há razão, figura ou argumento,  
Só o pesar de um tempo imprevisível,  
Um eco mudo e leve, indiscernível,  
Que gela o riso e tolda o fundamento.

Seria um sonho que ficou de lado?  
Ou mesmo o vulto de algo nunca dito,  
Que insiste em vir, embora recusado?

É como o olhar no abismo infinito,  
Ver-se por dentro: imenso, desolado
E ouvir o mundo em um tom inaudito.

Carlos Arnaud

Seu passo é firme, e a graça não disfarça
O porte de uma Deusa em sua doce teia,
A fronte altiva, a voz que nunca anseia,
E os olhos - dois cristais em pura taça.

Nas tranças negras, a luz se faz escassa,
Tecidas como versos de grande epopeia,
São ondas que o silêncio em si enleia,
Cativo ao sopro que o mistério passa.

Não canta o vento em sua etérea dança,
Como o perfume que por ela sempre exala;
Nem mesmo a aurora a iguala em esperança.

Que os deuses, Angelina, calem a prosa rala.
Não há idioma que defina sua bela trança,
Ou um só olhar que nos seus fios se embala.

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