Carlos Arnaud 
Ergue-se altivo, na luz, um andarilho.
Seu vulto o segue, calmo e companheiro,
Dançando ao vento, qual espectro ligeiro,
Preso à sua essência de brando partilho.
Se o sol declina, ele torna-se exílio,
Estendido escuro, mais forte e inteiro,
O homem avança, mas seu fiel mensageiro
Lhe sussurra mistérios num terno idílio.
Na aurora brilha, discreto e discreto,
Na noite esconde-se, negro e completo,
Mas nunca o deixa, jamais se desfaz.
Assim caminham os dois neste enredo:
O homem, matéria. A sombra, segredo.
Ambos fundidos nesta dúvida mordaz.