Carlos Arnaud
Na tez do prado, exímia flor viceja,
Seu cálix de ouro ao sol resplandece,
E a brisa mansa, cândida, esmorece
Ante o perfume que em volúpia alveja.
E logo ao lado, austero e vil, rasteja
O espinho agudo, em nua mudez cresce,
Sem cor, sem graça, com sua ira fenece
No chão estéril que em desdém o beija.
Oh, contraste! Que ironia se ensina
Na arte estranha da agreste campina,
Onde a beleza e a dor se fazem laço!
Pois da flor nasce uma grandeza divina,
E do espinho o pranto da fatal ruína,
Tecendo vida em dúbio e ingênuo passo.