Luís Guimarães Júnior
Olha-me assim, Madona... longamente:
Deixa minha alma em teu olhar piedoso
Flutuar num silêncio, amplo e radioso,
Como um navio à terna luz do poente.
Nada me digas: olha-me somente:
Assim... Meu coração, ébrio de gozo,
Vai rolando no abismo luminoso
No etéreo abismo desse olhar dormente.
A natureza mórbida e alquebrada
Repousa. A ebúrnea esfera constelada
Desmaia antes que a Aurora ao longe assome:
E eu, embalado nesse olhar radiante,
Feliz, absorto, extático, hesitante...
Ouço tua alma soletrar meu nome.
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