Conde de Monsaraz
Mandas-me, cumpro. Eu sou o autômato modesto
Que a tua mão dirige e o teu olhar fascina:
Prende-se a minha vida à curva purpurina
De tua boca e à luz do teu sorriso honesto.
Só quero o teu amor (profundo amor!); de resto,
Em nada penso e creio. É esta a minha sina;
Aos teus caprichos, flor, todo o meu ser se inclina,
Seguindo a sua lei traçada no teu gesto!
E nesta escravidão cujos grilhões abraço
E beijo tanta vez, alarga-se-me o espaço,
Em que ouço alegremente os rouxinóis cantar.
Eu fiz do meu segredo um cárcere risonho,
Oh! déspota gentil, embala-me este sonho
Olha-me, eu quero luz! fala-me, eu quero ar!
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