Virgínia Vitorino
"Fala comigo, amor. Conta-me tudo:"
Assim dizia a tua linda carta.
As saudades que sofre quem se aparta!
E como eu sou feliz, porque me iludo!
Custou-me que partisses. E, contudo,
murmurei ao sabê-lo: "Pois que parta.
Se o cansei, também eu me sinto farta.
E, se mudar, então também eu mudo."
Foste... Escreves... São raras as verdades...
E contas-me sem sombra de saudades:
"Passeio... mato o tempo, assim... assim..."
Comigo quase o mesmo se está dando:
mas, em vez de ser eu que o vou matando,
o tempo é que me vai matando a mim...
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