Carlos Arnaud
No copo escuro, a dor se faz chorume,
Licor de sombras, névoa que instiga,
A alma se curva ao trago que resume
O pranto calado de uma mágoa antiga.
Sinais de angústia brilham no absinto,
Velha esperança que se desfez no ar,
E o peito em chamas, já não vê distinto
Se é sonho ou ruína a lhe acompanhar.
O álcool murmura em doses repetidas,
Versos de espectros, vozes dissolvidas,
Enquanto a vida, em silêncio lhe sorrir.
E o mundo gira em espiral de espanto,
Num rito lento, febril e tão quebranto,
Que até o tempo hesita em prosseguir.
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