Luís de Góngora
O brilho de metal do teu cabelo
um dia se consome na ferrugem
e os olhos cristalinos, que hoje fulgem,
apagam-se em perpétuo pesadelo.
Tanto viço, não há como contê-lo:
os seios murcham, tudo se resume
numa disforme massa, feito estrume,
no lodo da matéria em desmazelo.
Aproveita o feitio tão formoso
e, juntos, desfrutemos cada gozo
que os deuses não nos neguem nem adiem.
Antes que esse teu corpo, enfim inerme,
converta-se em repasto para o verme,
celebremos Horácio - Carpe diem!
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