Cruz e Sousa
Quando vens para mim, abrindo os braços
numa carícia lânguida e quebrada,
sinto o esplendor de cantos de alvorada
na amorosa fremência dos teus passos.
Partindo os duros e terrestres laços,
a alma tonta, em delírio, alvoroçada,
sobe dos astros a radiosa escada
atravessando a curva dos espaços.
Vens, enquanto que eu, perplexo de espanto,
mal te posso abraçar, gozar-te o encanto
dos seios, dentre esses rendados folhos.
Nem um beijo te dou! Abstrato e mudo
diante de ti, sinto-te, absorto em tudo,
Nuns rumores de pássaros nos olhos.
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