Cruz e Sousa
Fazes lembrar as mouras dos castelos,
as errantes visões abandonadas
que pelo alto das torres encantadas
suspiravam de trêmulos anelos.
Traços ligeiros, tímidos, singelos
acordam-te nas formas delicadas
saudades mortas de regiões sagradas,
carinhos, beijos, lágrimas, desvelos.
Um requinte de graça e fantasia
dá-te segredos de melancolia,
da Lua todo o lânguido abandono...
Desejos vagos, olvidadas queixas
vão morrer no calor dessas madeixas,
nas virgens florescências do teu sono.
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