Luís Guimarães Júnior
Vás para o baile, é hora: as flutuantes
Gazes te envolvem como as névoas puras
Que os astros vestem nas azuis alturas...
Vás coberta de gaze e de brilhantes;
E, enquanto espalhas graças deslumbrantes,
Repleta de opulência e de venturas,
Há um milhar de pobres criaturas,
Que se estorcem - na noite - agonizantes:
Moças sem pão, crianças magras, nuas,
Cujo suplício fora aliviado,
Se quisesses das pálidas mãos tuas,
Num santo gesto, rápido e ignorado,
Deixar cair na lama dessas ruas
Um alfinete só do teu toucado.
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