Alberto de Oliveira
Chove, embrusca-se o tempo, e quando ao frio
Fuzil, trovão, nos côncavos ribombas
Do céu, vejo passar, como num rio
Nadantes monstros, nuvens de éreas trombas.
Só, desta alcova, cárcere sombrio,
Onde entre morte e amor, minha alma, tombas,
Meu ser, meu coração, meus ais lhe envio,
Por céu de bronze solitárias pombas.
Não vê-la, e o tempo ver, que mais redobra
Sombra e noite que envolve a natureza,
Plena de água, de horror, de medo e espanto!
Abro a janela: e a escuridão que sobra
Das coisas, me enche o peito de tristeza,
E, em fina chuva, os olhos meus de pranto.
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