Augusto dos Anjos
Para o vale noital da eterna gaza
Rolou o Sol - imenso moribundo -
E a noite veio na negrura de uma asa,
Santificada pela Dor do Mundo!
Uma luz, entanto, no negror me abrasa,
E um canto vai morrer no vale fundo...
Que luz é esta que das brumas vasa,
Que canto é este, virginal, profundo?!
Rumores santos... e no santo arpejo,
Somente tristes os teus olhos vejo,
Para o Infinito e para o Céu voltados!
Cantas, e é noite de fatais abrolhos...
Choras, e no meu peito estes teus olhos
Como que cravam dois punhais gelados!
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