Os Mais Belos Sonetos

Coletânea de sonetos escritos por poetas brasileiros, lusos e de outros paises

Augusto dos Anjos

Senhora, eu trajo o luto do passado.
Este luto sem fim que é o meu Calvário,
e anseio e choro, delirante e vário,
sonâmbulo da dor angustiado.

Quantas venturas que me acalentaram!
Meu peito, túmulo do prazer finado,
foi outrora do riso abençoado,
o berço onde as venturas se embalaram.

Mas não queiras saber nunca, risonha,
o mistério de um peito que estertora
e o segredo de uma alma que não sonha!

Não, não busques saber por que, Senhora,
é minha sina perenal, tristonha:
- Cantar o Ocaso quando surge a Aurora.

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