Carlos Arnaud
No meu peito pulsa um vago sentimento,
Um frio etéreo, um sopro que se forma,
Qual brisa leve que, sem lei ou norma,
Desliza em mim com um trêmulo lamento.
Não sei se é dor, é gozo, ou movimento
De algo que foge e a alma desinforma,
Um eco preso onde no vazio transforma,
Um grito tão mudo em calmo sofrimento.
É como o mar que murmura meio fanho,
E traz na espuma um segredo estranho,
Um véu que dança em luzes de ilusão.
E sigo, preso a um pulsar que esconde,
Um coração que diz nada mas responde,
Cativo dessa minha estranha sensação.