Os Mais Belos Sonetos

Coletânea de sonetos escritos por poetas brasileiros, lusos e de outros paises

abr
26

Juvenal Antunes

Guarda, esconde estes versos no teu seio!
Talvez, um dia, lendo-os novamente,
Teu coração, ao meu amor alheio,
Creia, afinal, no que minha alma sente.

Sei que te sou de todo indiferente...
Mas, se o meu coração está tão cheio
De ti, serei, por isso, um delinquente,
Se até nem sei de onde este amor me veio?

Seja feliz! Seguirei o meu destino...
Conheço, enfim, meu grande desatino
De possível julgar este impossível...

Mas, o direito de te amar, suponho,
Ninguém me roubará... De amor um sonho,
Não foi, não é, nunca será punível!

abr
19

Carlos Arnaud

No alvorecer sagrado da esperança,
Ressurge a luz em áureo resplendor,
O verbo eterno rompe a fria lança,
Do túmulo ergue o Cristo Salvador.

Os sinos clamam hinos de bonança,
Em notas de ouro e de púrpura dor,
A terra exulta uma lírica lembrança,
Ao sacrifício imenso do Redentor.

O sangue verte na rubra claridade,
Lava os pecados, rompe a vil cadeia,
E o mundo se veste na túnica da paz.

Uma luz divina brilha na eternidade,
O Amor renasce, a alma se incendeia,
Na doce aurora que jamais se desfaz.

abr
12

Mário Beirão

Porque esse olhar de sombra de temor
Se perde em mim, às horas do sol posto,
Quando é de âmbar translúcido o teu rosto,
E a tua alma desmaia como flor;

Porque essas mãos, ardidas de fervor,
Ampararam minha vida de desgosto,
Pobre que sou, Mulher, eu hei composto
Harmonias de prece em teu louvor!

Dei-te a minha alma para ti nascida,
Meus versos que são mais que a minha vida;
Por Deus, perdoa ao mísero mendigo!

Perdoa a quem, ansioso de outro mundo,
Implora à Morte o sono mais profundo,
Só pela graça de sonhar contigo!

abr
05

Carlos Arnaud

Sutil, desvia o olhar e nunca se atreve,
Qual sombra ante à margem da emoção.
Furtiva espia, ardendo densa pretensão,
Enquanto o tempo, em silêncio lhe leve.

Que arte é essa que a paixão prescreve,
Ao passo tímido de tamanha tentação?
Por um segundo, rápida e ampla visão,
No canto do olhar, fixa um amor breve.

Oh, Bela Angelina, a chama do desejo,
Que num rastro discreto busca ensejo,
De querer com sutileza e astúcia tais!

Perdurará no olhar nu de quem intenta,
Entre os rabos dos olhos, há a tormenta
De amar sempre calada, e de nada mais.

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