Os Mais Belos Sonetos

Coletânea de sonetos escritos por poetas brasileiros, lusos e de outros paises

Juvenal Antunes

Guarda, esconde estes versos no teu seio!
Talvez, um dia, lendo-os novamente,
Teu coração, ao meu amor alheio,
Creia, afinal, no que minha alma sente.

Sei que te sou de todo indiferente...
Mas, se o meu coração está tão cheio
De ti, serei, por isso, um delinquente,
Se até nem sei de onde este amor me veio?

Seja feliz! Seguirei o meu destino...
Conheço, enfim, meu grande desatino
De possível julgar este impossível...

Mas, o direito de te amar, suponho,
Ninguém me roubará... De amor um sonho,
Não foi, não é, nunca será punível!

Carlos Arnaud

No alvorecer sagrado da esperança,
Ressurge a luz em áureo resplendor,
O verbo eterno rompe a fria lança,
Do túmulo ergue o Cristo Salvador.

Os sinos clamam hinos de bonança,
Em notas de ouro e de púrpura dor,
A terra exulta uma lírica lembrança,
Ao sacrifício imenso do Redentor.

O sangue verte na rubra claridade,
Lava os pecados, rompe a vil cadeia,
E o mundo se veste na túnica da paz.

Uma luz divina brilha na eternidade,
O Amor renasce, a alma se incendeia,
Na doce aurora que jamais se desfaz.

Mário Beirão

Porque esse olhar de sombra de temor
Se perde em mim, às horas do sol posto,
Quando é de âmbar translúcido o teu rosto,
E a tua alma desmaia como flor;

Porque essas mãos, ardidas de fervor,
Ampararam minha vida de desgosto,
Pobre que sou, Mulher, eu hei composto
Harmonias de prece em teu louvor!

Dei-te a minha alma para ti nascida,
Meus versos que são mais que a minha vida;
Por Deus, perdoa ao mísero mendigo!

Perdoa a quem, ansioso de outro mundo,
Implora à Morte o sono mais profundo,
Só pela graça de sonhar contigo!

Carlos Arnaud

Sutil, desvia o olhar e nunca se atreve,
Qual sombra ante à margem da emoção.
Furtiva espia, ardendo densa pretensão,
Enquanto o tempo, em silêncio lhe leve.

Que arte é essa que a paixão prescreve,
Ao passo tímido de tamanha tentação?
Por um segundo, rápida e ampla visão,
No canto do olhar, fixa um amor breve.

Oh, Bela Angelina, a chama do desejo,
Que num rastro discreto busca ensejo,
De querer com sutileza e astúcia tais!

Perdurará no olhar nu de quem intenta,
Entre os rabos dos olhos, há a tormenta
De amar sempre calada, e de nada mais.

Clicky