Os Mais Belos Sonetos

Coletânea de sonetos escritos por poetas brasileiros, lusos e de outros paises

Amélia de Oliveira

Não te peço a ventura desejada,
Nem os sonhos que outrora tu me deste,
Nem a santa alegria que puseste
Nessa doce esperança já passada.

O futuro de amor que prometeste
Não te peço! Minha alma angustiada
Já não te pede, de impossível, nada,
Já não te lembra aquilo que esqueceste!

Nesta mágoa sorvida ocultamente,
Nesta saudade atroz que me deixaste,
Nada te peço! Nada! Tão somente

Neste pranto que choro ainda por ti,
Peço-te agora a paz que me roubaste,
Peço-te agora a vida que perdi!

Juvenal Antunes

Encarnação da máxima bondade,
Imagem de candura e de beleza,
Fardou-te a perdulária Natureza
Exemplo de ternura e castidade.

No indizível horror desta saudade,
Em que minha alma se debate, preza,
Fazes da própria mágoa, e de tristeza,
Um misto de tortura e suavidade.

Bendita seja, pois, mulher querida,
Que escreves e dispões de minha sina,
Como causa e razão de minha vida...

Realças na confecção de qualquer verso:
E, sendo assim tão fraca e tão franzina,
És a obra mais perfeita do Universo!

João Ribeiro

Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora, 
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca! 
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca, 
Por esse grande espaço onde o Impassível mora. 

Leva-me longe, ó Musa impassível e branca! 
Longe, acima do mundo, imensidade em fora, 
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora, 
O aureo plaustro do sol nas nuvens solavanca. 

Transporta-me, de vez, numa ascensão ardente, 
À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares, 
Onde os deuses pagãos vivem eternamente. 

E onde, mum longo olhar, eu possa ver contigo, 
Passarem, através das brumas seculares, 
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.

Carlos Arnaud

Na aurora de teu rosto esplendoroso, 
Desliza a luz que enche a minha vida. 
Teus olhos, estrelas em céu de gozo, 
Refletem a mais pura alma, querida.

Nos campos do amor, és flor purpurina,
A musa que inspira a vida deste poeta. 
Teu nome em versos leio, Bela Angelina, 
E no teu recanto meu coração completa.

Ao som da tua voz, terna e sincera,
Meu ser desperta, rompe, se reitera. 
Em ti, amiga, encontro paz e glória.

Ó Bela Angelina, o teu meigo sorriso, 
És para mim o mais sonhado paraíso, 
E a conquista deste será minha vitória...

Carlos Arnaud

Na névoa tênue de um dia primaveral, 
As almas suspiram memórias antigas. 
Em sombras quietas de um sonho fatal, 
Sussurram histórias e eternas cantigas.

Nos túmulos frios, repousa o passado, 
Num silêncio da fé que ecoa mistérios. 
Flores desbotadas em solo sagrado, 
Guardam segredos de amores etéreos.

A manhã fria, pálida, observa serena, 
Lágrimas que fluem como um rio lento, 
Em prece à brisa que doce envenena.

Finados, instantes de paz e tormento, 
Onde a vida e a morte dançam amena, 
Num ciclo eterno de puro sentimento.

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