Corrêa de Araujo
De certo dormes, a tão altas horas,
Horas de espectros pela noite escura;
Lá na vila natal, onde tu moras,
Dormes e sonhas, bela criatura!
Sonhos, tangendo as cítaras sonoras,
Para os céus arrebatam-te a alma pura;
Dormes e eu velo, dormes e ignoras
A saudade infernal que me tortura.
Sonhas talvez com querubins alados,
E eu cismo aqui, entregue ao devaneio
Dos sonhadores e dos namorados...
Dormes, envolta em leves claridades,
E eu velo, e o coração me sangra, cheio
Da mais cruel de todas as saudades.
0 comentários :
Postar um comentário