Artur Azevedo
Tu és dona de mim, tu me pertences,
e, neste delicioso cativeiro,
não queres crer que, ingrato e bandoleiro,
possa eu noutra pensar, ou noutro penses.
Doce cuidado meu, não te convences
de que tudo na terra é passageiro,
frívolo, fútil, rápido, ligeiro,
e a pertinácia do erro teu não vences!
Num belo dia - hás de tu ver - desaba
esta velha afeição, funda e comprida,
que tanta gente nos inveja e gaba...
Choras? Para que lágrimas, querida?
Naturalmente o amor também se acaba,
como tudo se acaba nesta vida.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
Arquivos do Blog
Alguns Poetas
- Aécio Cavalcante
- Alberto de Oliveira
- Alphonsus de Guimaraens
- Alvaro Feijó
- Antero de Quental
- Artur Azevedo
- Augusto de Lima
- Augusto dos Anjos
- Auta de Souza
- Belmiro Braga
- Bento Ernesto Júnior
- Corrégio de Castro
- Cruz e Souza
- Cynthia Castello Branco
- Edgard Rezende
- Euclides da Cunha
- Fagundes Varela
- Fausto Cardoso
- Florbela Espanca
- Gregório de Matos
- Guilherme de Almeida
- J. G. de Araujo Jorge
- Júlio Salusse
- Luis Vaz de Camões
- Machado de Assis
- Manuel Bandeira
- Mauro Mota
- Narciso Araujo
- Nilo Aparecida Pinto
- Olavo Bilac
- Paulo Gustavo
- Paulo Mendes Campos
- Pe. Antônio Tomás
- Pe. Manuel Albuquerque
- Raimundo Correia
- Raul de Leoni
- Raul Machado
- Silva Ramos
- Vicente de Carvalho
- Vinícius de Moraes
Top 10 da Semana
-
Carlos Arnaud Na cidade altiva, onde a noite avança, o luar recobre a praça e a nua estrada, brilhando no Prata, pura luz que dança, tecendo...
-
Guilherme de Almeida Ó namorados que passais, sonhando, quando boia, no céu, a lua cheia! Que andais traçando corações na areia e corações n...
-
Carlos Arnaud Seu passo é firme, e a graça não disfarça O porte de uma Deusa em sua doce teia, A fronte altiva, a voz que nunca anseia, E os...
-
Florbela Espanca Gosto de ti, ó amiga, nos beirados, Dizendo coisas que ninguém entende! Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e d...
-
Olavo Bilac Sobre minha alma, como sobre um trono, Senhor brutal, pesa o aborrecimento. Como tardas em vir, último outono, Lançar-me as folh...
-
Mário Beirão Porque esse olhar de sombra de temor Se perde em mim, às horas do sol posto, Quando é de âmbar translúcido o teu rosto, E a tua...
-
Antero de Quental Espírito que passas, quando o vento Adormece no mar e surge a lua, Filho esquivo da noite que flutua, Tu só entendes bem o...
-
Cruz e Souza Grande amor, amor, grande mistério Que as nossas almas trêmulas enlaça... Céu que nos beija, céu que nos abraça Num abismo de l...
-
Carlos Arnaud Minha Bela Angelina, minha Angelouca, Tens a beleza que não cabe num poema. Querias se pudesse, beijar-lhe a boca, Dos prob...
-
Carlos Arnaud Ó Mãe, esteio eterno do meu existir, Altar sagrado num templo de bondade, Teus braços, um porto na tempestade, E tuas palavras...
Olavo Bilac
Dormes... Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, à túnica estendida?
São meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, amiga adormecida!
Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro… e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro
Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hálito sorvendo
Por que surge tão cedo a luz do dia?!
Emílio de Menezes
Baixaste sobre mim teu olhar funerário
Numa resignação piedosa de hora extrema,
E as pálpebras caindo em alvas de sudário
Velaram-me de todo a luz clara e suprema,
E tateante no mundo hostil, no mundo vário,
Sem outro guia, sem outra alma que o meu poema
Ilumine e engrinalde e o faça extraordinário,
Um poema em que minh'alma artista ria ou gema.
Vou para além ouvindo uma música nova
Feita de pás de terra a te cair no peito
Como que para pôr o meu amor à prova;
E essa música ouvindo, estranha em seu efeito,
Sinto a luz a morrer e cantarem-lhe à cova
Um funéreo e feral réquiem de luares feito.
Olavo Bilac
Vi-te uma vez e estremeci de medo...
Havia um susto no ar quando passavas:
Vida, morta, enterrada num segredo,
Letárgico vulcão de ignotas lavas.
Ias como quem vai para um degredo,
De invisíveis grilhões as mãos escravas,
A marcha dúbia, o olhar turvado e quedo
No roxo abismo das olheiras cavas...
Aonde ias? Aonde vais? Foge o teu vulto;
Mas fica o assombro do teu passo errante,
E fica o sopro desse inferno oculto,
O horrível fogo que contigo levas,
Incompreendido mal, negro diamante,
Sol sinistro e abafado ardendo em trevas.