Os Mais Belos Sonetos

Coletânea de sonetos escritos por poetas brasileiros, lusos e de outros paises

Juvenal Antunes

Para os beijos de outrora, não me chamas,
Nem teus braços me chamam como outrora...
Chamo-te em vão! Não vens! Já não me amas...
Amas a outro, talvez que a alma te implora!

Que vale um poeta que se queixa e chora,
Por quem nem uma lágrima derramas?
E quem se desengana de hora em hora,
Sem decifrar, indecifráveis tramas?

Laura, hoje eu sou um mísero exilado
Que, para alheias terras exportado,
Há de morrer em breve de saudade!

Mas, se a vida no espaço continua,
De lá, do quente sol ou da fria lua,
Eu te amarei com a mesma intensidade!

Juvenal Antunes

Laura, depois de ouvir as minhas queixas,
Estavas iluminada e luminosa!
Nas faces de uma suplicada rosa...
Poeta, quero dormir, tu não me deixas!

Não deixo! És muito mentirosa!
Queres mais um soneto? Não te mexas,
Alisa, minha Laura, essas madeixas.
Assim... Ficastes agora mais formosa!

Ora! Não sabes em que estou pensando...
A vida, disse Laura, me abraçando,
Não pode ser por mim, levada a sério!

Sou a mulher, meu Poeta, que seduzes...
Mas, não entendes nunca, nem traduzes,
Porque eu devo ser o teu mistério!

Carlos Arnaud

Com mãos no arco e alvo olhar ardente,
Dispara dos céus a sua seta certeira,
Que fere o incauto, e em chama primeira
Inscreve o amor, vasto e transcendente.

Não há muralha, escudo ou resistente,
Que escape ao dardo e à dor verdadeira,
Pois sua boa feição, de aura ligeira,
Esconde um poder firme e persistente.
                              
Ó anjo travesso, em tiros certeiros,
Brincas com as almas, alças destinos,
Tecendo os laços com gestos faceiros.

Que tua bela arte guie os desatinos,
E forje, ao lume dos tempos primeiros,
Sonhos áureos com anseios cristalinos.

Carlos Arnaud
                              
Por que não te declaras, alma discreta,
Se tens nos olhos chama tão ardente?
Por que calar se o peito não se aquieta
E a voz do amor ressoa em tua mente?

Se a aurora em versos te interpreta
E o vento brando exalta o teu presente,
Por que almejas, minha tímida poeta,
Ceder ao anseio forte e contundente?

Talvez te iluda o medo inconsistente,
Que vela o brilho do teu próprio afeto,
Revelado em cada olhar mui claramente.
                   
Oh, Bela Angelina, serei eu insolente?
Pois o amor que palpita e vive inquieto,
Um dia se abrirá, ainda que tardiamente. 

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