Artur Azevedo
Há cinco meses já que estão casados.
Da lua de mel os últimos lampejos
Gozam, trocando aborrecidos beijos,
Numa larga poltrona acomodados.
Falam do tempo em que eram namorados...
Tempo menos de amor que dos desejos...
Separam-se, afinal e entre bocejos,
Ele fuma... ela borda... ambos calados.
De repente ela se ergue e o rosto esconde,
Saltando um grito estrídulo, indiscreto.
Ao que o eco da sala corresponde.
Ele interroga-a pálido, inquieto...
Ela trêmula e rubra lhe responde...
Sente no ventre remexer-se um feto.
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