Alberto de Oliveira
Da flava Ceres falta-te ao cabelo
A cor, que o seu dourava e os trigos doura;
Tens negra a trança e, deverei dizê-lo?
Fica-te assim melhor, não sendo loura.
Crespa, enredada em serpes, tentadora,
Cheiro-a, aspiro-a, febril, e ardendo em zelo;
E ela em meus lábios, qual se a Noite fora,
De volúpia infernal me imprime o selo.
Toco-a, aperto-a, desato-a fio a fio,
Estendo-a nos meus ombros, velo ondeante;
Tomo-lhe as pontas, o teu rosto espio:
E entre os claros da trama escura e bela,
Creio, vendo-te a luz do olhar radiante,
Ver a réstia de fogo de uma estrela.
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