Emílio de Menezes
Quando, à primeira vez, lhe vi a grandeza,
foi nos tempos da longe meninice.
E quedei-me à mudez de quem sentisse
a alma de pasmos e terrores presa.
Depois, na mocidade, a olhá-lo, disse:
é moço o mar na força e na beleza!
Mas, ao dia apagado e à noite acesa,
hoje o sinto entre as brumas da velhice.
Distanciado de escarpas e barrancos,
vejo-o morrer-me aos pés, calmo, ao abrigo
das grandes fúrias e os hostis arrancos.
E, ao contemplá-lo assim, tristonho digo,
vendo-lhe, à espuma, os meus cabelos brancos:
o velho mar envelheceu comigo!
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