Alberto de Oliveira
Ó minha Laura, quem do livro aberto
Em que líamos ambos, os amados
Olhos teus afastou, para fechados
Serem no sono de uma noite, incerto!?
Quem dentre os níveos dedos delicados
Em que o trazias, lendo-o, de mim perto,
O poema arrancou que eu vi coberto
De tantos sóis que tinha, imaginados?!
Doce leitura! negra pausa infinda...
Como que por encanto ainda hoje eu creio
Ver aberto esse livro e lê-lo ainda;
E em cada folha em que meus olhos ponho,
Palpita o nosso amor com o mesmo anseio,
E as nossas ilusões com o mesmo sonho.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Juvenal Antunes
Pobre de mim, porque já não me amas
E mais vontade de possuir-te eu tenho!
E, assim, das chamas do desejo venho
E caio do desejo noutras chamas!
Carregarei, contudo, este meu lenho,
Com a paciência que mesmo tu proclamas;
Porque, vencendo oposição e tramas,
Ganharei o combate em que me empenho!
Hei de, afinal, qual mísero banido,
Que volta ao pátrio solo estremecido
Cingir-te nos meus braços novamente!
E ao cume das delícias transportado,
Esquecerei o teu rigor passado,
Que me pungiu tão dolorosamente!
Augusto dos Anjos
Penso em venturas! A alma do homem pensa
Sempre em venturas! Sorte do homem! O homem
Há de embalar eternamente a crença
Sem ter grilhões e sem ter leis que o domem!
Punjam-no os vermes da Desgraça, assomem
Descrenças, surjam tédios na Descrença,
Luta, e morrem os vermes que o consomem,
Vence, e por fim, nada há que o abata e o vença!
Por isso, poeta, eu penso na Ventura!
E o pensamento, na Suprema Altura
Sinto, no imenso Azul do Firmamento
Ir rolando pelo ouro das estrelas,
E esse ouro santo vir rolando pelas
Trevas profundas do meu pensamento!
Juvenal Antunes
Senhora, antes que o sol de minha fantasia,
Nas brumas da descrença envolva se abatido
E deste coração ascético, traído,
Force a pomba ideal, florida alegria.
Quando não mais luzir o astro que luzia,
Nesse oceano de luz, para sempre escondido
Ouve a triste canção de um viajante perdido,
As notas celestiais de morta melodia.
Por mais que ingratamente, os lírios da ventura
Sigam todos, cruéis, a luz que além fulgura,
Qual novo Redentor do mundo, a imagem tua!
Além, no azul céu, entre nuvens e flores,
Divinas surgirão repletas de esplendores,
Nas ternas lacticências pálidas da lua!
Guilherme de Almeida
Lês um romance. Eu te contemplo. Ondeia,
lá fora, um vento muito leve e brando;
cheira a jasmins o varandim, brilhando
ao doentio clarão da lua cheia.
Vais lendo. E, enquanto tua mão folheia
o livro, eu vejo que, de quando em quando,
estremecendo, sacudindo, arfando,
teu corpo todo num delírio anseia.
Lês. São cenas de amor: - o encontro, o ciúme,
idílios, beijos ao luar… Perfume
que sobe da alma, e gira, e se desfaz…
Vais lendo. E tu não sabes que, sozinho,
eu te sigo, eu te sinto, eu te adivinho,
lendo em teus olhos o que lendo estás.