Alberto de Oliveira
Ó minha Laura, quem do livro aberto
Em que líamos ambos, os amados
Olhos teus afastou, para fechados
Serem no sono de uma noite, incerto!?
Quem dentre os níveos dedos delicados
Em que o trazias, lendo-o, de mim perto,
O poema arrancou que eu vi coberto
De tantos sóis que tinha, imaginados?!
Doce leitura! negra pausa infinda...
Como que por encanto ainda hoje eu creio
Ver aberto esse livro e lê-lo ainda;
E em cada folha em que meus olhos ponho,
Palpita o nosso amor com o mesmo anseio,
E as nossas ilusões com o mesmo sonho.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
Arquivos do Blog
Alguns Poetas
- Aécio Cavalcante
- Alberto de Oliveira
- Alphonsus de Guimaraens
- Alvaro Feijó
- Antero de Quental
- Artur Azevedo
- Augusto de Lima
- Augusto dos Anjos
- Auta de Souza
- Belmiro Braga
- Bento Ernesto Júnior
- Corrégio de Castro
- Cruz e Souza
- Cynthia Castello Branco
- Edgard Rezende
- Euclides da Cunha
- Fagundes Varela
- Fausto Cardoso
- Florbela Espanca
- Gregório de Matos
- Guilherme de Almeida
- J. G. de Araujo Jorge
- Júlio Salusse
- Luis Vaz de Camões
- Machado de Assis
- Manuel Bandeira
- Mauro Mota
- Narciso Araujo
- Nilo Aparecida Pinto
- Olavo Bilac
- Paulo Gustavo
- Paulo Mendes Campos
- Pe. Antônio Tomás
- Pe. Manuel Albuquerque
- Raimundo Correia
- Raul de Leoni
- Raul Machado
- Silva Ramos
- Vicente de Carvalho
- Vinícius de Moraes
Top 10 da Semana
-
Luís Guimarães Júnior Eu vejo-a sempre no final do dia, Quando os purpúreos flocos do ocidente Vão descorando harmoniosamente, Aos gem...
-
Raul de Leoni Não aprofundes nunca, nem pesquises O segredo das almas que procuras: Elas guardam surpresas infelizes A quem lhes desce...
-
Euclides da Cunha Morrem os mundos... Silenciosa e escura, Eterna noite cinge-os. Mudas, frias, Nas luminosas solidões da altura Ergue...
-
Juliana S Valis Um outro ano nasce após dias de parto Em meio às dores do tempo e da esperança assídua Como se existisse sempre um momen...
-
Jenário de Fátima Amei-te tanto amor... amei-te tanto! Fostes meu ar, fostes meu alimento. Fostes meu colo, abrigo, meu alento, Fostes ...
-
Alphonsus de Guimaraens Bendita sois entre as mulheres! Puras Irradiações de salmos encantados De glória a ti, Senhora, nas alturas, Por séc...
-
Hermes Fontes Juro por tudo quanto é jura.., juro por mim, por ti, por nós, por Jesus Cristo, que hei-de esquecer-te! Vês? Estou seguro ...
-
Antero de Quental Noite, irmã da Razão e irmã da Morte, Quantas vezes tenho eu interrogado Teu verbo, teu oráculo sagrado, Confidente e...
-
Oldney Lopes O sonho é um refúgio em que o errante Eterno amante da paz que procura Sai da loucura por um breve instante E, agonizante,...
-
Augusto dos Anjos E eu disse – Vai-te, estrela do Passado! Esconde-te no Azul da Imensidade, Lá onde nunca chegue esta saudade, - A som...
Juvenal Antunes
Pobre de mim, porque já não me amas
E mais vontade de possuir-te eu tenho!
E, assim, das chamas do desejo venho
E caio do desejo noutras chamas!
Carregarei, contudo, este meu lenho,
Com a paciência que mesmo tu proclamas;
Porque, vencendo oposição e tramas,
Ganharei o combate em que me empenho!
Hei de, afinal, qual mísero banido,
Que volta ao pátrio solo estremecido
Cingir-te nos meus braços novamente!
E ao cume das delícias transportado,
Esquecerei o teu rigor passado,
Que me pungiu tão dolorosamente!
Augusto dos Anjos
Penso em venturas! A alma do homem pensa
Sempre em venturas! Sorte do homem! O homem
Há de embalar eternamente a crença
Sem ter grilhões e sem ter leis que o domem!
Punjam-no os vermes da Desgraça, assomem
Descrenças, surjam tédios na Descrença,
Luta, e morrem os vermes que o consomem,
Vence, e por fim, nada há que o abata e o vença!
Por isso, poeta, eu penso na Ventura!
E o pensamento, na Suprema Altura
Sinto, no imenso Azul do Firmamento
Ir rolando pelo ouro das estrelas,
E esse ouro santo vir rolando pelas
Trevas profundas do meu pensamento!
Juvenal Antunes
Senhora, antes que o sol de minha fantasia,
Nas brumas da descrença envolva se abatido
E deste coração ascético, traído,
Force a pomba ideal, florida alegria.
Quando não mais luzir o astro que luzia,
Nesse oceano de luz, para sempre escondido
Ouve a triste canção de um viajante perdido,
As notas celestiais de morta melodia.
Por mais que ingratamente, os lírios da ventura
Sigam todos, cruéis, a luz que além fulgura,
Qual novo Redentor do mundo, a imagem tua!
Além, no azul céu, entre nuvens e flores,
Divinas surgirão repletas de esplendores,
Nas ternas lacticências pálidas da lua!
Guilherme de Almeida
Lês um romance. Eu te contemplo. Ondeia,
lá fora, um vento muito leve e brando;
cheira a jasmins o varandim, brilhando
ao doentio clarão da lua cheia.
Vais lendo. E, enquanto tua mão folheia
o livro, eu vejo que, de quando em quando,
estremecendo, sacudindo, arfando,
teu corpo todo num delírio anseia.
Lês. São cenas de amor: - o encontro, o ciúme,
idílios, beijos ao luar… Perfume
que sobe da alma, e gira, e se desfaz…
Vais lendo. E tu não sabes que, sozinho,
eu te sigo, eu te sinto, eu te adivinho,
lendo em teus olhos o que lendo estás.