Miguel Russowscky
Um por um, os meus sonhos, nesta vida,
despi no andar do tempo modorrento,
qual árvore esfolhada pelo vento
numa tarde outonal, entristecida.
Quebrei-me um pouco, assim, a cada ida,
à procura não sei de qual intento.
Deixei amor, amigos e, ao relento
destroços de minha alma enrijecida.
E hoje, velho, ao voltar da caminhada,
tropeço em meus pedaços pela estrada,
com saudosa visão aqui e ali.
Não mais me iludo, e essa descrença atesta
que passarei o tempo que me resta,
recolhendo os pedaços que perdi.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Martins Fonte
Antes de conhecer-te, eu já te amava,
porque sempre te amei a vida inteira.
Eras a irmã, a noiva, a companheira,
a alma gêmea da minha que eu sonhava.
Com o coração, à noite, ardendo em lava
em meus versos vivias, de maneira
que te contemplo a imagem verdadeira
e acho a mesma que outrora contemplava.
Amo-te. Sabes que me tens cativo.
Retribuis a afeição que em mim fulgura,
transfigurada nos anseios da Arte.
Mas, se te quero assim, por que motivo
tardaste tanto em vir, que hoje é loucura -
mais que loucura: um crime - desejar-te?
Gerson Silvestre Alencar
Chega setembro: a primavera se anuncia.
Ao longe vejo, solitário na campina,
O mesmo ipê que todo ano se ilumina
Tão amarelo e ofuscante à luz do dia.
Mal se reveste e já se despe a ramaria.
É quando o vento implacável em ferina
Arremetida vem e a flora elimina.
E me entristece que se acabe... Mal surgia.
Enquanto vejo o que restou da floração,
Sinto que o ipê põe-se a falar-me ao coração
(Onde, faz tempo, não florescem alegrias).
E, zombeteiro, diz: “Iguala-nos a Sorte;
Em ti também ao Riso segue um Vento Norte,
Tal como ocorre às minhas flores fugidias”.
Joaquim Marques
Se de mim não sentes saudade,
Se dentro de ti, por mim, não tens réstea de amor;
Então não finjas... te peço, por favor;
Não queiras transformar o irreal... em realidade...
Fostes sempre a menina dos meus olhos,
E dos três que amei, a quem eu dei vida,
Talvez, por seres filha, eras a mais querida.
Eras aquela flor... que suavisava meus abrolhos...
Depois de tanto bem eu te ter feito,
E sem que para tal haja uma explicação...
Tu respondes com frieza, silêncio e sem pleito!?...
Em meus pensamentos indeléveis, concluo então:
Que triste é um pai fazer bem a um filho, que a respeito,
Somente tem para lhe dar... a sua ingratidão!...