Gregório de Matos
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós cabeça baixa, prá chamar-me.
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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2 comentários :
Romântico, parabéns pelo blog. A internet é realmente cheia de recuros, use-os para aumentar a visitação em seu blog.
Quanto a este soneto num primeiro momento me pareceu triste, mas depois de algumas releituras, percebo o quanto o autor é devoto de Cristo ao ponto de quere unir-se a ele na cruz. Até o momento é o que me vem a mente.
O que vc acha?
Gregório de Matos e Guerra, poeta baiano, cuja alcunha de boca do inferno foi dada por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras.
Por isso se considerava um pecador, e carregava dentro de si um sentimento de culpa venial.
Criticava também os governantes da "cidade da Bahia", ou seja, Salvador. No leito de morte escreveu outro belo soneto, o qual transcrevo duas das estrofes:
"Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.
Mui grande é vosso amor, e meu delito,
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito."
Por discordar como eu, da igreja católica e dos políticos, é que tenho em Gregório de Matos, um de meus poetas favoritos.
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