Cruz e Souza
Não me olhes assim, branca Arethusa,
Peregrina inspiração dos meus cantares;
Não me deixes a razão vagar confusa
Ao relâmpago ideal de teus olhares.
Não me olhes, oh! não, porquanto eu penso
Envolvido no luar das minhas cismas,
Que o olhar que me dardejas - doido, imenso
Tem a rápida explosão dos aneurismas.
Não me olhes. Oh! não, que o próprio inferno
Problemático, fatal, cálido, eterno,
Nos teus olhos, mulher, se foi cravar!...
Não me olhes, oh! não, que me entolece
Tanta luz, tanto sol - e até parece
Que tens músicas cruéis dentro do olhar!...