Basílio da Gama
Já, Marfísia cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Que inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.
Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças de ouro converter-se em prata:
Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos,
Por que me negas hoje esta ventura?
Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Martins Fontes
Mais do que à própria vida, deveremos
Amar a Vida em sua plenitude.
A inconstância no amor não condenemos,
Porque esta falta pode ser virtude.
Ser fiel a um amor, se nunca o pude,
Fui ao Amor fiel, nos seus extremos:
Este, sendo imutável, não ilude,
E os desvios daquele são supremos...
Seja a forma de amor que se pressinta,
Por mais tênue, mais tímida e indistinta,
Deve-se bendizer, sem comparar.
Como a ausência produz o desengano,
Sobrenobrece o coração humano
Ser inconstante, sem deixar de amar.
Artur Azevedo
Quando não vens, formosa desumana,
E, saudoso de ti, sem ti me deito,
Fica tão espaçoso o nosso leito,
Que me parece o campo de Sant'Ana!
Quando não vens, oh! pálida tirana,
Torna-se lúgubre o quartinho estreito!
Com muitas flores, flor, debalde o enfeito:
Falta-lhe a flor das flores soberana.
Se vens, é natural que isso me apraza;
Mas, se não vens, quanta amargura, quanta
As próprias coisas sentem nesta casa!
É o relógio, porém, que mais me espanta,
Pois se não vens, o mísero se atrasa,
E, se vens, o ditoso se adianta!
Antero de Quental
Dorme a noite encostada nas colinas.
Como um sonho de paz e esquecimento
Desponta a lua. Adormeceu o vento,
Adormeceram vales e campinas…
Mas a mim, cheia de atrações divinas,
Dá-me a noite rebate ao pensamento.
Sinto em volta de mim, tropel nevoento,
Os Destinos e as Almas peregrinas!
Insondável problema!… Apavorado
Recua o pensamento!… E já prostrado
E estúpido à força de fadiga,
Fito inconsciente as sombras visionárias,
Enquanto pelas praias solitárias
Ecoa, ó mar, a tua voz antiga.