Augusto dos Anjos
Neste pélago escuro em que te afundas,
Longe das sombras aurorais e amadas,
Sentes o peito em ânsias revoltadas,
Diluis teu peito em sensações profundas.
Mas, eis que emerges, luminosa, às fundas
Águas do mar das glórias obumbradas,
E, ante o branco estendal das madrugadas,
Nua, em banho ideal de amor te inundas.
Agora, á luz das alvoradas santas
Ungem-te o corpo redolências tantas,
Que, ao ver-te nua, o Mundo se concentre,
E a lua, a Virgem Mãe dos céus escampos,
Que beija a terra e que abençoa os campos,
Beije-te o seio e te abençoe o ventre!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
Arquivos do Blog
Alguns Poetas
- Aécio Cavalcante
- Alberto de Oliveira
- Alphonsus de Guimaraens
- Alvaro Feijó
- Antero de Quental
- Artur Azevedo
- Augusto de Lima
- Augusto dos Anjos
- Auta de Souza
- Belmiro Braga
- Bento Ernesto Júnior
- Corrégio de Castro
- Cruz e Souza
- Cynthia Castello Branco
- Edgard Rezende
- Euclides da Cunha
- Fagundes Varela
- Fausto Cardoso
- Florbela Espanca
- Gregório de Matos
- Guilherme de Almeida
- J. G. de Araujo Jorge
- Júlio Salusse
- Luis Vaz de Camões
- Machado de Assis
- Manuel Bandeira
- Mauro Mota
- Narciso Araujo
- Nilo Aparecida Pinto
- Olavo Bilac
- Paulo Gustavo
- Paulo Mendes Campos
- Pe. Antônio Tomás
- Pe. Manuel Albuquerque
- Raimundo Correia
- Raul de Leoni
- Raul Machado
- Silva Ramos
- Vicente de Carvalho
- Vinícius de Moraes
Top 10 da Semana
-
Carlos Arnaud Na aurora de teu rosto esplendoroso, Desliza a luz que enche a minha vida. Teus olhos, estrelas em céu de gozo, Refletem a ...
-
Carlos Arnaud Na névoa tênue de um dia primaveral, As almas suspiram memórias antigas. Em sombras quietas de um sonho fatal, Sussurram hi...
-
Cruz e Sousa Rola da luz do céu, solta e desfralda Sobre ti mesma o pavilhão das crenças, Constele o teu olhar essas imensas Vagas do amor q...
-
João Ribeiro Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora, Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca! Dá-me que eu vá contigo, em liberd...
-
Otávio Rocha “Venha me ver sem falta... Estou velhinha. Iremos recordar nosso passado; a sua mão quero apertar na minha quero sonhar te...
-
Carlos Arnaud No céu de bruma, Angelina emerge, Como um sonho etéreo, intocável. Olhar misterioso, na noite diverge, Num enigma brando, i...
-
Gonçalo Jácome Aquela a quem relato o meu segredo, que de lauréis a fronte me entretece, impalpável visão que no rochedo dos Prometeus do so...
-
Bernardino Lopes Velho muro da chácara! Parcela Do que já foste: resto do passado, Bolorento, musgoso, úmido, orlado De uma coroa vírid...
-
Cruz e Souza Por uma estrada de astros e perfumes A Santa Virgem veio ter comigo: Douravam-lhe o cabelo claros lumes Do sacrossanto resplend...
-
Juvenal Antunes Encarnação da máxima bondade, Imagem de candura e de beleza, Fardou-te a perdulária Natureza Exemplo de ternura e castidade....
Alberto de Oliveira
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Olavo Bilac
Vive dentro de mim, como num rio,
Uma linda mulher, esquiva e rara,
Num borbulhar de argênteos flocos, Iara
De cabeleira de ouro e corpo frio.
Entre as ninféias a namoro e espio:
E ela, do espelho móbil da onda clara,
Com os verdes olhos úmidos me encara,
E oferece-me o seio alvo e macio.
Precipito-me, no ímpeto de esposo,
Na desesperação da glória suma,
Para a estreitar, louco de orgulho e gozo...
Mas nos meus braços a ilusão se esfuma:
E a mãe-d'água, exalando um ai piedoso,
Desfaz-se em mortas pérolas de espuma.
Guilherme de Almeida
Morre o dia. Do quadro da vidraça,
nós contemplamos silenciosamente
o adeus do sol à terra, à luz escassa,
à meia-luz da tarde confidente.
São como um par de noivos que se abraça;
- esse roxo dorido do sol poente
tem a tristeza voluptuosa e ardente
de um longo abraço que se desenlaça.
Uma ânsia de viver me abala os músculos;
dão-me os teus olhos a impressão furtiva
de dois grandes, tristíssimos crepúsculos.
E, como a orquestração de um mau desejo,
quebra o sono da tarde pensativa
o gorjeio frenético de um beijo.