Antero de Quental
Viver assim: sem ciúmes, sem saudades,
Sem amor, sem anseios, sem carinhos,
Livre de angústias e felicidades,
Deixando pelo chão rosas e espinhos;
Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos;
Indiferente ao bem e às falsidades,
Confundindo chacais e passarinhos;
Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vê, nela espalhado;
A vida olhar como através de um sonho;
Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro – é ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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José Albano
Trato só da perpétua saudade
Que mora neste peito desditoso
Mas o queixume derramar não ouso
Com medo de que aos outros desagrade.
Se entanto de gemer me dissuade
O coração, tão cedo desgostoso,
Ordena e manda Amor que sem repouso
Tudo que sofro em canto se traslade.
Oh! triste verso meu, pois vais partindo
Por este baixo e escuro em que ando
Para espalhar o meu tormento infindo.
Ah! seja o teu destino manso e brando.
Porém, se te alguém ver acaso rindo,
Dize-lhe então que te escrevi chorando!
Costa e Silva
Saudade - olhar de minha mãe rezando
E o pranto lento deslizando em fio
Saudade amor da minha terra... o rio
Cantigas de águas claras soluçando.
Noites de junho. O caboré com frio,
Ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando...
E à noite as folhas lívidas cantando
A saudade infeliz de um sol de estio.
Saudade - asa de dor do pensamento
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
Ai, mortalhas de neve sobre a serra.
Saudade - o Parnaíba - velho monge
As barbas brancas alongando... e ao longe
O mugido dos bois da minha terra...
Dom Aquino Correia
Dizem que outrora, numa lavra funda,
Viu-se aqui, toda de ouro, uma alavanca:
todos a querem, mas ninguém a arranca,
e mais se cava, tanto mais se afunda.
Contudo, cavam sempre...E a ganga imunda,
que nessa escavação se desbarranca,
vai dando ouro, muito ouro, e não se estanca,
até que o arraial feliz de ouro se inunda.
Quanta sabedoria não encerra
esta lenda gentil de minha terra,
que ao trabalho e à constância nos convida!
Trabalha! Que o trabalho é o teu tesouro,
e será ele essa "alavanca de ouro",
que há de elevar-te e enriquecer-te a vida!