Otacílio de Azevedo
Perdoai-me, senhora, se, rendido
Aos estranhos encantos de outra dona,
Meu coração do vosso distraído
Por outra no momento se apaixona.
Ah! não me houvésseis vós apetecido
E do meu ser feito chegar à tona
Um mundo estranho, há muito convertido
Em cinza que se esmói e se abandona,
Não seria de mim que recebêsseis,
Agora, a breve nênia comovida
De quem parte ao deixar alguém chorando.
Pois fostes vós - quisera me entendêsseis: -
Que o morto amor em mim ressuscitando,
Vos tornastes um ponto de partida ...
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Antônio Gomes Leal
Vejo-a sempre passar séria, constante,
– Às vezes, inclinada na janela, –
Tranquila, fria, e pálido o semblante,
Como uma santa triste de capella.
Seu riso sem calor como o brilhante
No nosso lábio o próprio riso gela,
E ela nasceu para chorar diante
De um Cristo numa estreita e escura cela.
Seu olhar virginal como as crianças
Jamais disse do amor as coisas mansas;
Jamais vergou da Força ao choque rude.
Abrasa-a um fogo divinal secreto!
Eu sinto, mal a avisto, ao seu aspecto,
O brio intenso e negro da Virtude.
Olavo Bilac
Já me não amas? Basta! Irei, triste, e exilado
Do meu primeiro amor para outro amor, sozinho.
Adeus, carne cheirosa! Adeus, primeiro ninho
Do meu delírio! Adeus, belo corpo adorado!
Em ti, como num vale, adormeci deitado,
No meu sonho de amor, em meão do caminho...
Beijo-te inda uma vez, num último carinho,
Como quem vai sair da pátria desterrado...
Adeus, corpo gentil, pátria do meu desejo!
Berço em que se emplumou o meu primeiro idílio,
Terra em que floresceu o meu primeiro beijo!
Adeus! Esse outro amor há de amargar-me tanto,
Como o pão que se come entre estranhos, no exílio,
Amassado com fel e embebido de pranto...
Guilherme de Almeida
O pequenino livro, em que me atrevo
a mudar numa trêmula cantiga
todo o nosso romance, ó minha amiga,
será, mais tarde, nosso eterno enlevo.
Tudo o que fui, tudo o que foste eu devo
dizer-te: e tu consentirás que o diga,
que te relembre a nossa vida antiga,
nos dolorosos versos que te escrevo.
Quando, velhos e tristes, na memória
rebuscarmos a triste e velha história
dos nossos pobres corações defuntos,
que estes versos, nas horas de saudade,
prolonguem numa doce eternidade
os poucos meses que vivemos juntos.