Juvenal Antunes
Quem te conhece assim, simples, modesta,
De olhos baixos, discreta e recolhida,
Com esse Cândido porte, que te empresta
Um ar de melancolia compungida,
E ouve-te a voz tão sussurrante e mesta,
Como uma doce nota sustenida,
Fica a pensar que alguma dor te infesta,
Que alguma mágoa te consome a vida.
Toda a gente, entretanto, anda enganada;
És, entre as mil mulheres que eu conheço,
A mais ardente, a mais apaixonada...
Semelhas o vulcão, perfeitamente:
Por fora – pedra, argila, areia, gesso;
Por dentro – fogo, lava incandescente!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Da Cruz pendente expira, e, sem demora,
De susto e horror desmaia o sol na altura,
Cobre-se o céu de um manto de negrura,
E o mundo inteiro treme e se apavora.
Trajando luto, a natureza chora,
Fende-se a terra, estala a rocha dura,
E, abandonando a paz da sepultura,
Vagueiam mortos pelo campo afora...
Além ronca o trovão sinistramente...
Fuzila o raio e, em doida tempestade,
Brame e se agita o velho mar gemente.
Tinhas, decerto, ó Cristo, a divindade,
Pois na morte de um Deus, de um Deus somente,
Pode haver tanta pompa e majestade!
Augusto dos Anjos
Maria, eis-me a teus pés. Eu venho arrependido,
Implorar-te o perdão do imenso crime meu!
Eis-me, pois, a teus pés, perdoa o teu vencido,
Açucena de Deus, lírio morto do Céu!
Perdão! E a minha voz estertora um gemido,
E o lábio meu pra sempre apartado do teu
Não há de beijar mais o teu lábio querido!
Ah! Quando tu morreste, o meu Sonho morreu!
Perdão, pátria da Aurora exilada do Sonho!
- Irei agora, assim, pelo mundo, para onde
Me levar o Destino abatido e tristonho...
Perdão! E este silêncio e esta tumba que cala!
Insânia, insânia, insânia, ah! ninguém me responde...
Perdão! E este sepulcro imenso que não fala!
Chico Buarque
Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio