Gregório de Matos
O alegre do dia entristecido,
O silêncio da noite perturbado
O resplendor do sol todo eclipsado,
E o luzente da lua desmentido!
Rompa todo o criado em um gemido,
Que é de ti mundo? onde tens parado?
Se tudo neste instante está acabado,
Tanto importa o não ser, como haver sido.
Soa a trombeta da maior altura,
A que a vivos, e mortos traz o aviso
Da desventura de uns, dos outros ventura.
Acabe o mundo, porque é já preciso,
Erga-se o morto, deixe a sepultura,
Porque é chegado o dia do juízo.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Augusto dos Anjos
Primavera gentil dos meus amores,
Arca cerúlea de ilusões etéreas,
Chova-te o Céu cintilações sidéreas
E a terra chova no teu seio flores!
Esplende, Primavera, os teus fulgores,
Na auréola azul, dos dias teus risonhos,
Tu que sorveste o fel das minhas dores
E me trouxeste o néctar dos teus sonhos!
Cedo virá, porém, o triste outono,
Os dias voltarão a ser tristonhos
E tu hás de dormir o eterno sono,
Num sepulcro de rosas e de flores,
Arca sagrada de cerúleos sonhos,
Primavera gentil dos meus amores!
Antônio Licério de Barros
Imensa é a solidão que vem das matas
E aquela que se estende nas planuras!
A que provém do céu, lá nas alturas,
Ou que murmura, além, entre cascatas!
Aquela que contorna e envolve os rios
E vai pousar, tranqüila sobre os lagos!
Que a brisa traz às praias, entre afagos,
A nos tornar mais tristes, mais vazios...
Grande, demais, é a solidão do mar!
Da tarde que desmaia a soluçar,
Buscando no horizonte seu jazigo!
Mas, a maior, a solidão mais triste!
A mais profunda solidão que existe,
Não vaga por aí... Mora comigo!
Jenário de Fátima
Quanta gente, que se acha tão bonita.
Como apenas, só a beleza contasse,
E nunca expõe aquele monstro que habita
E se esconde, sob sua bela face.
Quanta gente, em quase nada acredita
Passa a vida, como só a incomodasse
A ausência de um espelho que reflita
O seu rosto, em qualquer lugar que passe.
Quanta gente, ao cuidar só da beleza.
Se esquece que no âmago se revela
Uma parte, onde a humana natureza
Leva a Deus, que vê tudo do seu jeito.
Pois da carne, inda que seja a mais bela.
Só os vermes tirar-lhe-ão algum proveito.
Alphonsus de Guimaraens
Seremos como dois lírios enfermos
Que morrem numa jarra abandonada.
O acaso nos mostrou a mesma estrada
E sonhamos ao luar dos mesmos ermos.
Abençoou-nos o mesmo azul, sem termos,
Ao descambar da véspera sagrada.
E hei de ter, e terás, ó bem amada,
Tranqüilidade e paz para morrermos.
Ah! Tu bem sabes que não tarda o outono...
Perder-nos-emos pela escura brenha,
Pelos ínvios sertões do eterno sonho.
Em que nos baste, amor, termos vivido
Em meio desses corações de penha
Sem o lamento inútil de um gemido!