Paulo Bomfim
Quando chegares e eu já for ausência,
Pensamento estrangeiro em tua fronte,
Brisa de paz que se transforma em fonte,
Ou simples intuição sem permanência;
Pressente-me na chuva da inclemência,
Nas aves desgarradas do horizonte,
Nas alegrias construindo a ponte
Por onde há de voltar toda a inocência.
Quando chegares nas manhãs de olvido,
Invoca-me no fundo de tua alma
Dentro de um credo estranho e perseguido;
Que a morte há de soltar da garra adunca
Este que sou agora em tarde calma,
Um sempre que renasce sobre o nunca!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Castro Alves
Como o gênio da noite, que desata
o véu de rendas sobre a espada nua,
ela solta os cabelos... Bate a lua
nas alvas dobras de um lençol de prata.
O seio virginal que a mão recata,
embalde o prende a mão... cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento... Além da rua
preludia um violão na serenata.
Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam lábios os beijos em segredo...
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó Surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta!
Auta de Souza
Aquela moça graciosa e bela
Que passa sempre de vestido escuro
E traz nos lábios um sorriso puro,
Triste e formoso como os olhos dela…
Diz que sua alma tímida e singela
Já não tem coração: que o mundo impuro
Para sempre o matou… e o seu futuro
Foi-se num sonho, desmaiada estrela.
Ela não sabe que o desgosto passa
Nem que do orvalho a abençoada graça
Faz reviver a planta que emurchece.
Flávia! nas almas juvenis, formosas,
Berço sagrado de jasmins e rosas,
O coração não morre: ele adormece…
Pe. Antônio Tomás
Vão-na levando para a sepultura,
Amortalhada em brancos véus de linho,
Dentro de um leve esquife cor de arminho,
Ao fulgor da manhã serena e pura.
Carpindo-a segue o vento e, porventura,
Para incensá-la agita, de mansinho,
Ramos em flor, pendentes do caminho,
Cheio de sombra e orlas de verdura.
No entanto o louro enxame das abelhas
Vai atirando pétalas vermelhas
Sobre o caixão franzino que a comporta.
Cai das folhas o orvalho como pranto,
E as meigas aves em piedoso canto
Rezam contritas sufragando a morta.