Paulo Bomfim
Quando chegares e eu já for ausência,
Pensamento estrangeiro em tua fronte,
Brisa de paz que se transforma em fonte,
Ou simples intuição sem permanência;
Pressente-me na chuva da inclemência,
Nas aves desgarradas do horizonte,
Nas alegrias construindo a ponte
Por onde há de voltar toda a inocência.
Quando chegares nas manhãs de olvido,
Invoca-me no fundo de tua alma
Dentro de um credo estranho e perseguido;
Que a morte há de soltar da garra adunca
Este que sou agora em tarde calma,
Um sempre que renasce sobre o nunca!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
Arquivos do Blog
Alguns Poetas
- Aécio Cavalcante
- Alberto de Oliveira
- Alphonsus de Guimaraens
- Alvaro Feijó
- Antero de Quental
- Artur Azevedo
- Augusto de Lima
- Augusto dos Anjos
- Auta de Souza
- Belmiro Braga
- Bento Ernesto Júnior
- Corrégio de Castro
- Cruz e Souza
- Cynthia Castello Branco
- Edgard Rezende
- Euclides da Cunha
- Fagundes Varela
- Fausto Cardoso
- Florbela Espanca
- Gregório de Matos
- Guilherme de Almeida
- J. G. de Araujo Jorge
- Júlio Salusse
- Luis Vaz de Camões
- Machado de Assis
- Manuel Bandeira
- Mauro Mota
- Narciso Araujo
- Nilo Aparecida Pinto
- Olavo Bilac
- Paulo Gustavo
- Paulo Mendes Campos
- Pe. Antônio Tomás
- Pe. Manuel Albuquerque
- Raimundo Correia
- Raul de Leoni
- Raul Machado
- Silva Ramos
- Vicente de Carvalho
- Vinícius de Moraes
Top 10 da Semana
-
Carlos Arnaud Seu passo é firme, e a graça não disfarça O porte de uma Deusa em sua doce teia, A fronte altiva, a voz que nunca anseia, E os...
-
Carlos Arnaud Na tez do prado, exímia flor viceja, Seu cálix de ouro ao sol resplandece, E a brisa mansa, cândida, esmorece Ante o perfume q...
-
Carlos Arnaud No meu peito pulsa um vago sentimento, Um frio etéreo, um sopro que se forma, Qual brisa leve que, sem lei ou norma, Desliza e...
-
Raimundo Correia Homem, da vida as sombras inclementes Interrogas em vão: – Que céus habita Deus? Onde essa região de luz bendita, Paraíso d...
-
Guilherme de Almeida Estas e muitas outras coisas, certo, eu julgava sentir, quando sentia que, descuidado e plácido, dormia num inferno, so...
-
Juvenal Antunes Para os beijos de outrora, não me chamas, Nem teus braços me chamam como outrora... Chamo-te em vão! Não vens! Já não me ama...
-
Raimundo Correia Esbraseia o Ocidente na agonia O sol... Aves em bandos destacados, Por céus de oiro e de púrpura raiados Fogem... Fecha-se ...
-
Carlos Arnaud Com mãos no arco e alvo olhar ardente, Dispara dos céus a sua seta certeira, Que fere o incauto, e em chama primeira Inscreve ...
-
Antero de Quental Chovam lírios e rosas no teu colo! Chovam hinos de glória na tua alma! Hinos de glória e adoração e calma, Meu amor, minha...
-
Juvenal Antunes Laura, depois de ouvir as minhas queixas, Estavas iluminada e luminosa! Nas faces de uma suplicada rosa... Poeta, quero dorm...
Castro Alves
Como o gênio da noite, que desata
o véu de rendas sobre a espada nua,
ela solta os cabelos... Bate a lua
nas alvas dobras de um lençol de prata.
O seio virginal que a mão recata,
embalde o prende a mão... cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento... Além da rua
preludia um violão na serenata.
Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam lábios os beijos em segredo...
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó Surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta!
Auta de Souza
Aquela moça graciosa e bela
Que passa sempre de vestido escuro
E traz nos lábios um sorriso puro,
Triste e formoso como os olhos dela…
Diz que sua alma tímida e singela
Já não tem coração: que o mundo impuro
Para sempre o matou… e o seu futuro
Foi-se num sonho, desmaiada estrela.
Ela não sabe que o desgosto passa
Nem que do orvalho a abençoada graça
Faz reviver a planta que emurchece.
Flávia! nas almas juvenis, formosas,
Berço sagrado de jasmins e rosas,
O coração não morre: ele adormece…
Pe. Antônio Tomás
Vão-na levando para a sepultura,
Amortalhada em brancos véus de linho,
Dentro de um leve esquife cor de arminho,
Ao fulgor da manhã serena e pura.
Carpindo-a segue o vento e, porventura,
Para incensá-la agita, de mansinho,
Ramos em flor, pendentes do caminho,
Cheio de sombra e orlas de verdura.
No entanto o louro enxame das abelhas
Vai atirando pétalas vermelhas
Sobre o caixão franzino que a comporta.
Cai das folhas o orvalho como pranto,
E as meigas aves em piedoso canto
Rezam contritas sufragando a morta.