Raul de Leoni
Não aprofundes nunca, nem pesquises
O segredo das almas que procuras:
Elas guardam surpresas infelizes
A quem lhes desce às convulsões obscuras.
Contenta-te com amá-las, se as bendizes,
Se te parecem límpidas e puras,
Pois se, às vezes, nos frutos há doçuras,
Há sempre um gosto amargo nas raízes...
Trata-as assim, como se fossem rosas,
Mas não despertes o sabor selvagem
Que lhes dorme nas pétalas tranquilas,
Lembra-te dessas flores venenosas!
As abelhas cortejam de passagem,
Mas não ousam prová-las nem feri-las...
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Heitor Lima
Fugir, deixando um bem que o braço já tocava
Pela incerteza atroz de uma fé que redime...
Fugir para ser livre, e sentir, na alma escrava,
A sujeição fatal de uma paixão sublime.
Fugir, e, surda à voz da consciência, que oprime,
Opor diques de gelo a torrentes de lava,
Sentindo, na renúncia, o alvoroço de um crime
Que a ingratidão aumenta e a covardia agrava.
Fugir, tão perto já da enseada, vendo, ao fundo,
Gaivotas esvoaçando entre velas e mastros,
Na glorificação triunfal do sol fecundo.
Fugir do amor — fugir do céu, fugir de rastros,
Sufocando um clamor que abalaria o mundo
E abafando um clarão que incendiaria os astros.
Zito Batista
Põe a máscara e vai para a folia,
Na afetação de uns gestos singulares,
Esquecida dos íntimos pesares
Que te atormentam todo santo dia...
Mulher doente, perdida nesses mares
Tenebrosos da dúvida sombria,
Vê que há lá fora um frêmito de orgia,
Mesmo através das coisas mais vulgares!
Põe-te a cantar, desabaladamente!
Vai para a rua aos trambolhões, às tontas,
Como se enlouquecesses de repente...
Agarra-te à alegria passageira:
Olha que o que te espera, ao fim de contas,
É o triste Carnaval da vida inteira...
Augusto dos Anjos
Cobre-lhe a fria palidez do rosto
O sendal da tristeza que a desola;
Chora - o orvalho do pranto lhe perola
As faces maceradas de desgosto.
Quando o rosário de seu pranto rola,
Das brancas rosas do seu triste rosto
Que rolam murchas como um sol já posto
Um perfume de lágrimas se evola.
Tenta às vezes, porém, nervosa e louca
Esquecer por momento a mágoa intensa
Arrancando um sorriso á flor da boca.
Mas volta logo um negro desconforto,
Bela na Dor, sublime na Descrença,
Como Jesus a soluçar no Horto.