Belmiro Braga
E partes amanhã! . . . E, triste, eu penso
no que há de ser de mim, meu doce encanto . . .
E sinto os olhos úmidos de pranto
e na alma a angústia de um pesar imenso . . .
Eu tenho agora o coração suspenso,
nos lábios a mudez, no olhar o espanto:
- feiticeira, puseste-me quebranto,
tu és dona de mim, eu te pertenço. . .
E partes amanhã, meu bem querido,
sem que eu possa, ditoso e comovido,
beijar a tua fronte e os olhos teus. . .
Sem que eu possa, feliz, numa ânsia louca,
com meus lábios gravar na tua boca
as cinco letras da palavra - Adeus! . . .
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Luís Guimarães Júnior
O coração que bate neste peito
e que bate por ti unicamente;
o coração, outrora independente,
hoje humilde, cativo e satisfeito;
quando eu cair, enfim, morto e desfeito,
quando a hora soar lugubremente
do repouso final, - tranqüilo e crente
irá sonhar no derradeiro leito.
E quando um dia fores, comovida,
- branca visão que entre os sepulcros erra -
visitar minha fúnebre guarida,
o coração, que todo em si te encerra,
sentindo-te chegar, mulher querida,
palpitará de amor dentro da terra.
Olegário Mariano
Toda manhã, ao sol, cabelo ao vento,
ouvindo a água da fonte que murmura,
rego as minhas roseiras com ternura,
que água lhes dando, dou-lhes força e alento.
Cada uma tem um suave movimento
quando a chamar minha atenção procura
e mal desabrochada na espessura,
manda-me um gesto de agradecimento.
Se cultivei amores às mancheias,
culpa não cabe às minhas mãos piedosas
que eles passassem para mãos alheias.
Hoje, esquecendo ingratidões mesquinhas,
alimento a ilusão de que essas rosas,
ao menos essas rosas, sejam minhas.
Augusto dos Anjos
Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença, em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.
À noite quando em funda soledade
Minha alma se recolhe tristemente,
Prá iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.
E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,
Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.