Gregório de Matos
Anjo no nome, angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que não a cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Pedro Onofre
- Mamãe, papai Noel é mesmo um bom velhinho?
Se ele em verdade existe, assim como é falado,
por que não se lembrou de mim, esse enjeitado
que pra calçar não tem sequer um sapatinho?
E aquela pobre mãe, cabelo em desalinho,
o olhar busca esconder, tristonho e marejado
do pranto que verteu. Encara com cuidado
o filho, preocupada em demonstrar carinho.
Tenta expulsar do rosto essa expressão sombria
e num sussurro diz ao filho de repente:
- Se acaso ele existisse, o que lhe pediria?
E a criança ao responder-lhe, incrédula sorri.
- Queria que me desse, mãe, como presente.
na Noite de Natal, o pai que nunca vi.
Oton Costa
Meus castelos, ergui-os cada dia,
Nas minhas ilusões de sonhador,
Dando-lhes tudo, todo o meu amor,
Sem notar que a mim mesmo consumia.
No meu entusiasmo de criador,
Nem sequer um momento compreendia
Que os meus castelos, cheios de esplendor,
Não passavam de pura fantasia...
Hoje, evocando as ilusões passadas,
Revejo essas paisagens desoladas
Como as ruínas tranquilas de uma aldeia,
E compreendo que fosse incompreendida
Uma alma que pensou fazer da vida
Uns castelos efêmeros de areia...
Olavo Bilac
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
porém não me arrependo desse crime,
que amar alguém e ser também amado
é o crime mais gostoso e mais sublime!
A confissão por certo não redime
a quem quer continuar a ser culpado,
e seu for, por acaso, condenado,
não há razão para que desanime.
Pelo contrário. Altivo, embora fique
meu coração partido em mil pedaços,
eu quero que a justiça se pratique...
Sou réu de amor, e julgo-me indefeso!
Pela justiça, entrego-me a teus braços:
eternamente quero ficar preso...