Silva Dultra
Eu vivo a cada instante a minha vida,
assim como quem vive a própria morte,
e levo esta existência dividida
entre o ser e não ser que me conforte.
Sou onde não estou; e a minha sorte
em coisas que não tenho está medida,
até que a mesma vida me transporte
à morte desde o início já sentida.
Vão-se-me os dias de desejos plenos
em horas que se somam sempre a menos,
por onde o tempo passa e a vida flui.
O meu destino escorre num sentido
e sobre o pó do que terei eu sido
repousa a sombra do que sempre fui.
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Virgílius
Quem dera, o amor, que ela agora sente
Por alguém... Devotado e comprometido,
Fosse a mim, e apenas a mim, oferecido
Eu seria feliz... ... - E pela vida contente -
Quem dera, os seus lábios, docemente
Balbuciassem, mentindo, que me amava.
Dessa doce mentira eu me alimentava...,
Pra viver me enganando..., Eternamente.
Mas ela não sabe desse amor sentido.
- Devotado amor que eu trago comigo -
Até quando, não sei..., Só o tempo dirá.
E mesmo amanhã, ela lendo esses versos,
Há de ficar, por instantes, se perguntando:
- Que mulher será esta? E não saberá...!!!
Pe. Antônio Tomás
Nos canteiros orlados de verdura,
De mil gotas de orvalho umedecidas,
Cheias de viço e de perfume ungidas,
Desabrocham as rosas a ventura.
Mas a vida das rosas pouco dura,
E em breve a desgraça enlanguescida
A fronte curva nos hastis pendida,
A um raio de sol que além fulgura...
E vão perdendo as pétalas mimosas,
A um sopro mal dos vendavais infestos,
É o despojo final das tristes rosas...
E de cor vermelha pelo chão tombados
Fazem lembrar sanguinolentos restos
De pobres corações despedaçados.
Artur Azevedo
Todo o cuidado nestas rimas ponho;
Musa, peço-te, pois, que me remetas
Versos que tenham rútilas facetas,
E não revelem trovador bisonho.
Meia noite bateu. Sai risonho...
Brilhava - oh, musa, não me comprometas! -
O mais belo de todos os planetas
N'um céu que parecia um céu de sonho.
O mais belo de todos os prazeres
Gozei, à doce luz dos olhos pretos
Da mais bela de todas as mulheres!
Pobres quartetos! míseros tercetos!...
Musa, musa infeliz, dar-me não queres.
O mais belo de todos os sonetos!...
Alberto de Oliveira
A alma dos meus vinte anos noutro dia
Senti volver-me ao peito, e pondo fora
A outra, a enferma, que lá dentro mora,
Ria em meus lábios, em meus olhos ria.
Achava-me ao teu lado então, Luzia,
E da idade que tens na mesma aurora;
A tudo o que já fui, tornava agora,
Tudo o que ora não sou, me renascia.
Ressenti da paixão primeira e ardente
A febre, ressurgiu-me o amor antigo
Com os seus desvarios e com os seus enganos...
Mas ah! quando te foste, novamente
A alma de hoje tornou a ser comigo,
E foi contigo a alma dos meus vinte anos.