Florbela Espanca
Aborreço-te muito. Em ti há qualquer cousa
De frio e de gelado, de pérfido e cruel,
Como um orvalho frio no tampo duma lousa,
Como em doirada taça algum amargo fel.
Odeio-te também. O teu olhar ideal
O teu perfil suave, a tua boca linda,
São belas expressões de todo o humano mal
Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.
Desprezo-te também. Quando te ris e falas,
Eu fico-me a pensar no mal que tu calas
Dizendo que me queres em íntimo fervor!
Odeio-te e desprezo-te. Aqui toda a minh’alma
Confessa-to a rir, muito serena e calma!
Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor!…
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Aécio Cavalcante
Lamento o me fitares sem a antiga
Ternura com que me o fazias antes
De serem meus ciúmes tão constantes,
E tu, mais amada que amiga...
Soubesse eu ontem que só intriga
Cupido guarda aos corações amantes,
E não haveríamos de chorar gigantes
Imposições a que o amor obriga:
Tu serias hoje a mais divina tela
Da natureza e da simplicidade
Que foste... - e muito mais bela.
E eu, livre o amor que me invade,
Seria outra vez feliz com aquela
Ilusão de ir além da amizade!
Gregório de Matos
Casou-se nesta terra esta e aquele.
Aquele um gozo filho de cadela,
Esta uma donzelíssima donzela,
Que muito antes do parto o sabia ele.
Casaram por unir pele com pele;
E tanto se uniram, que ele com ela
Com seu mau parecer ganha para ela,
com seu bom parecer ganha para ele.
Deram-lhe em dote muitos mil cruzados,
Excelentes alfaias, bons adornos,
De que estão os seus quartos bem ornados:
Por sinal que na porta e seus contornos
Um dia amanheceram, bem contados,
Três bacias de trampa e doze cornos.
Francisco Libânio
Por amor, entregou-se em fé cega
A alguém que parecia sem defeitos,
Alguém que condenava os feitos
Daqueles que o vício carrega
Por devoção, vangloriou os jeitos
Daquele que veementemente nega
O mal e tamanha foi sua entrega
Que ao ver o quão eram imperfeitos
Os laços entre discursos e ações
Quis morrer antes a acreditar,
Mas terminou aceitando a verdade
E viu que a fé é a porta da maldade
Invadir a alma e, vil, subornar
O amor que oculta dela as decepções
Carol Carolina
É bonita sorridente e encantadora,
Se traveste com ares de humildade,
No fundo grande malvada impostora,
Nossa velha conhecida a falsidade.
Mesquinha, mascarada e mentirosa,
Encenando disfarçada de amizade.
Descarada fingindo sinceridade,
Peçonhenta igual cobra venenosa.
Não há quem não a tenha conhecido,
Essa víbora com cabelos de medusa,
Por sua causa uma desilusão sofrido.
Aqui e ali sempre acaba tropeçando,
Cabeça oca, egocêntrica e obtusa,
Na própria corda acabará se enforcando.