Luís Edmundo
Há uma lágrima sempre atenta em nossos olhos;
Branca, redonda, clara, adamantina, pura,
E assim como no mar os traiçoeiros escolhos,
Ela, escondida, a flor das pálpebras procura,
E, aí fica parada. Os íntimos refolhos
De nossa alma reflete, e quando uma ventura
Em riso nos entreabre os lábios com doçura,
Ela, a lágrima, fica a nos tremer nos olhos.
Tu que és moça e que ris, e não sabes da mágoa
Da vida, tem cuidado! Olha essa gota d'água;
Se não queres, da vida, achar-te entre os abrolhos
Ri, mas ri devagar, que a lágrima traiçoeira,
Talvez por te ver rir assim dessa maneira,
Trema e caia, afinal, um dia dos teus olhos!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
Arquivos do Blog
Alguns Poetas
- Aécio Cavalcante
- Alberto de Oliveira
- Alphonsus de Guimaraens
- Alvaro Feijó
- Antero de Quental
- Artur Azevedo
- Augusto de Lima
- Augusto dos Anjos
- Auta de Souza
- Belmiro Braga
- Bento Ernesto Júnior
- Corrégio de Castro
- Cruz e Souza
- Cynthia Castello Branco
- Edgard Rezende
- Euclides da Cunha
- Fagundes Varela
- Fausto Cardoso
- Florbela Espanca
- Gregório de Matos
- Guilherme de Almeida
- J. G. de Araujo Jorge
- Júlio Salusse
- Luis Vaz de Camões
- Machado de Assis
- Manuel Bandeira
- Mauro Mota
- Narciso Araujo
- Nilo Aparecida Pinto
- Olavo Bilac
- Paulo Gustavo
- Paulo Mendes Campos
- Pe. Antônio Tomás
- Pe. Manuel Albuquerque
- Raimundo Correia
- Raul de Leoni
- Raul Machado
- Silva Ramos
- Vicente de Carvalho
- Vinícius de Moraes
Top 10 da Semana
-
Araújo Figueredo Dessa tarde recordo a profunda tristeza... E porque não? Recordo a hora da despedida. Eu te deixara só, meu sonho de beleza...
-
Filinto de Almeida A velhice é cansaço... E esse cansaço não nos vem de trabalho ou movimento... O que ora faço é demorado e lento e ac...
-
Olavo Bilac “Sofro… Vejo envasado em desespero e lama Todo o antigo fulgor, que tive na alma boa; Abandona-me a glória; a ambição me atr...
-
Cruz e Souza É a bondade que te faz formosa, Que a alma te diviniza e transfigura; É a bondade, a rosa da ternura, Que te perfuma com perfum...
-
Carlos Arnaud Com mãos no arco e alvo olhar ardente, Dispara dos céus a sua seta certeira, Que fere o incauto, e em chama primeira Inscreve ...
-
Raimundo Correia Homem, da vida as sombras inclementes Interrogas em vão: – Que céus habita Deus? Onde essa região de luz bendita, Paraíso d...
-
Mauro Mota Minha alma! Amiga! Vem de tua fronde a encarnação da dor num grande grito! Abres os braços, gritas ao infinito, mas a voz do silê...
-
Florbela Espanca Gosto de ti, ó amiga, nos beirados, Dizendo coisas que ninguém entende! Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e d...
-
Manuel Bandeira Meu tudo, minha amada e minha amiga, Eis, compendiada toda num soneto, A minha profissão seria de fé e afeto, Que à confissã...
-
Luís de Góngora O brilho de metal do teu cabelo um dia se consome na ferrugem e os olhos cristalinos, que hoje fulgem, apagam-se em perpétuo...
Alfredo de Assis
No pranto da criança não diviso
Mágoa nenhuma, é tudo luz e encanto;
Tem, nuns restos de céu e paraíso,
Toda a alegria matinal de um canto.
Mas, de um velho, num rápido sorriso,
Mágoas profundas eu percebo entanto!
No pranto da criança há quase riso,
No sorriso do velho há quase pranto!...
Ri-se o velho, é um pôr de sol que chora;
Chora a criança, é como se uma aurora
Num chuveiro de pérolas se abrisse;
E tem muito mais luz, mais esperança,
A lágrima nos olhos da criança
Que o sorriso nos lábios da velhice!...
Aluísio de Azevedo
Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
Preferira morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!
Que te não enterneça esta loucura,
Que te não mova nunca esta agonia,
Que eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não foras, quanto eu sofreria!
Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
Com teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!
Persiste na moral em que persistes.
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!
Bastos Portela
És moça e bela. Assim, hoje pões e dispões;
E, feliz, num requinte fátuo de vaidade,
Vais pela vida, altiva, a esmagar corações...
Nada encontras no amor que te amargure ou enfade!
Mas, quando, um dia, enfim, atingires a idade
Em que se perdem, para sempre, as ilusões,
Tu me dirás, então, o que é sentir saudade
E o que é chorar no horror de longas solidões...
A beleza desfeita, humilde, decadente,
Serás a flor que, num jardim, murcha e descora,
Ao crepúsculo azul da tarde, mansamente...
E vendo-te passar, como os fantasmas, eu...
Eu sofrerei, talvez, como quem lembra ou chora
Uma bela mulher que se amou, e morreu!
Otávio Rocha
“Venha me ver sem falta... Estou velhinha.
Iremos recordar nosso passado;
a sua mão quero apertar na minha
quero sonhar ternuras ao seu lado...”
Respondi, pressuroso, numa linha:
“Perdoe-me não ir... ando ocupado.
Ameia-a tanto quanto foi mocinha
e de tal modo também fui amado.
Passou a mocidade num relance...
Hoje estou velho, velha está... Suponho
que perdeu da beleza os vivos traços.
Não quero ver morrer nosso romance...
Prefiro tê-la, jovem no meu sonho,
do que, velha, apertá-la, nos meus braços!