Raul Machado
Quando Estela morreu, choravam tanto!
Chovia tanto nessa madrugada!
- Era o pranto dos seus, casado ao pranto
Da Natureza - mãe desventurada!
Ninguém podia ver-lhe o rosto santo,
A fronte nívea, a pálpebra cerrada,
Que não sentisse, logo, em cada canto
Dos olhos, uma lágrima engastada!
Ai! não credes, bem sei, porque não vistes!
Mas quando ela morreu, chorava tudo!
Até dois círios, lânguidos e tristes,
Acendidos à sua cabeceira,
Iam chorando, no seu pranto mudo,
Um rosário de lágrimas de cera!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Serviu-te a manjedoura humilde de começo,
nem palácios reais, nem berços de cetim...
— aliás, para pregares a obra que conheço
tu só podias mesmo ter nascido assim...
Decorei tua história e dela não me esqueço
porque sei que tu foste humano e igual a mim!
— e sofreste, e sonhaste, e pagaste por preço
do teu sonho o Calvário que aureolou teu fim!
Sem falsas liturgias revelaste a Vida,
e curvado, com o peso da cruz sobre os ombros
sangraste os pés desnudos na íngreme subida...
Inútil sacrifício!... Hoje, apóstolos teus
reduzindo a grandeza do teu sonho a escombros
mercadejam teus restos em nome de Deus!
Olavo Bilac
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
Raimundo Correia
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez, existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Vicente de Carvalho
Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada.
E que não chega nunca em toda a vida
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.