Alphonsus de Guimaraens
Muitas vezes, ao poente, a minh'alma de enfermo
É triste: o enterro passa, os vultos vão, de tochas
Que tremeluzem como estrelas rubras, do ermo
De um céu que se prolonga entre montes e rochas.
Segues naquele esquife, um anjo vem dizer-mo.
Uma essa erguida no alto, enfeitada de frouxas
Cortinas de galões amarelos, é o termo
Do caminho talhado entre açucenas roxas.
Triste sonho de quem vive a sonhar na vida
Com a eterna e doce paz de uma cova esquecida,
E traz no peito morto uma alma quase morta...
Suplício imemorial de quem estando vivo,
A receber no olhar todo o céu compassivo,
Vê passar o seu próprio enterro pela porta!
Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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