Quem sou eu
- Carlos Arnaud de Carvalho
- São Domingos do Prata, Minas Gerais
- E nestas lutas vou cumprindo a sorte, até que venha a compassiva morte, levar-me à grande paz da sepultura.
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Mário Pederneiras
Da tua branca e solitária Ermida
Por caminhos de Céu que a Lua esmalta
Desces - banhada dessa Luz cobalta
O linho de Asa abrindo sobre a Vida.
Nada teu Passo calmo sobressalta
E quando a Mágoa as Almas intimida
Das Ilusões a turba renascida
Em ronda espalhas pela Noite alta.
E a claridade que se faz é tanta
Que logo a Terra fica cheia dessa
Sonora e estranha Luz que alegra e canta.
E iluminada de um Luar de Outono
A Alma feliz e impávida atravessa
A vasta e longa escuridão do Sono.
Luis Delfino
Quando vejo o teu corpo doentio
Tremer, como haste branda a vento forte,
Amortalha-me um hirto calafrio,
Como se me tocasse a asa da morte.
Um pensamento lôbrego e sombrio
De alguém, que o doce e tênue fio corte
De tua vida, assalta-me; mas rio,
Pensando que hei de ter a mesma sorte.
Tu não podes descer à sepultura,
Sem que leves as horas de ventura,
Que em ti achou minha alma, um vasto arneiro.
Em teu trespasse, pois, quando tu fores,
Morram os sóis no céu, no campo as flores...
E, olha, espera, até logo, eu vou primeiro...
Olavo Bilac
Engelhadas as faces, os cabelos
Brancos, ferido, chegas da jornada;
Revês da infância os dias; e, ao revê-los,
Que fundas mágoas na alma lacerada!
Paras. Palpas a treva em torno. Os gelos
Da velhice te cercam. Vês a estrada
Negra, cheia de sombras, povoada
De atros espectros e de pesadelos...
Tu, que amaste e sofreste, agora os passos
Para meu lado moves. Alma em prantos,
Deixas os ódios do mundano inferno...
Vem! que enfim gozarás entre meus braços
Toda a volúpia, todos os encantos,
Toda a delícia do repouso eterno!
Olavo Bilac
Foram-te os anos consumindo aquela
Beleza outrora viva e hoje perdida...
Porém teu rosto da passada vida
Inda uns vestígios trêmulos revela.
Assim, dos rudes furacões batida,
Velha, exposta aos furores da procela,
Uma árvore de pé, serena e bela,
Inda se ostenta, na floresta erguida
Raivoso o raio a lasca, e a estala, e a fende...
Racha-lhe o tronco anoso... Mas, em cima,
Verde folhagem triunfal se estende.
Mal segura no chão, vacila... Embora!
Inda os ninhos conserva, e se reanima
Ao chilrear dos pássaros de outrora...
Luís Delfino
Eu dizia-lhe um dia: - Essa brancura
De tua carne outrora resplendente
Não vem de um sangue rubro, um sangue quente,
Como pedia a tua formosura.
Que mágoa funda os seios te amargura?
Ninguém sabe que sofres realmente,
Diz-me porém o coração ardente
Que em ti se encontra o amor que se procura.
Quanto mais em ti desço, e mais te sondo,
Quase louca paixão por ti eu sinto...
Aos dois pomos de neve as mãos te pondo,
Nua, e em pé, como estátua sobre um plinto.
Loura cabeça ao colo alvo e redondo,
Murmuraste, inclinando: - Eu nunca minto.
Olavo Bilac Sonhei que me esperavas. E, sonhando, Saí ansioso por te ver: corria... E tudo, ao ver-me tão depressa andando, Soube logo o lugar para onde eu ia. E tudo me falou, tudo! Escutando Meus passos, através da ramaria, Dos despertados pássaros o bando: “Vai mais depressa! Parabéns!” dizia. Disse o luar: “Espera! Que eu te sigo: Quero também beijar as faces dela!” E disse o aroma: “Vai, que eu vou contigo!” E cheguei. E, ao chegar, disse uma estrela: “Como és feliz! como és feliz, amigo, Que de tão perto vais ouvi-la e vê-la!”
Luís Delfino
Morre: ninguém te há de querer tão fria,
Nem contigo dormir no mesmo leito;
Ninguém mais ouça, dentro do teu peito,
Bater-te o coração como batia.
Na tua alcova há de cantar o dia;
E o ninho, onde emplumou teu corpo, feito
Do que o céu tem de bom e há de harmonia,
Fique a estranho ludíbrio enfim sujeito.
Leva contigo a luz da tua aurora,
Leva a cruz branca dos teus braços, corta
Tudo que a ti me prende e vai-te embora.
Como és bela inda assim!... isso que importa?
Enquanto em torno tudo é triste e chora...
Oh! que alegria eu sinto em ver-te morta!...
José Albano
Ditoso quem foi sempre desamado
Nem nunca na alma viu pintar-se o gozo
Que lhe promete estado venturoso
Para depois deixá-lo em triste estado.
Já me de todo agora persuado
De que não pôde haver brando repouso
E do afeto mais doce e deleitoso
Se gera às vezes o maior cuidado.
Não quero boa sorte nem sonhá-la,
Pois logo passa, apenas se revela,
Com uma dor que outra nenhuma iguala.
Mas quem desconheceu benigna estrela,
Se não teve a alegria de alcançá-la,
Nunca teve o desgosto de perdê-la.
Cruz e Souza
Eu não busco saber o inevitável
Das espirais da tua vi matéria.
Não quero cogitar da paz funérea
Que envolve todo o ser inconsolável.
Bem sei que no teu círculo maleável
De vida transitória e mágoa seria
Há manchas dessa orgânica miséria
Do mundo contingente, imponderável.
Mas o que eu amo no teu ser obscuro
E o evangélico mistério puro
Do sacrifício que te torna heroína.
São certos raios da tua alma ansiosa
E certa luz misericordiosa,
E certa auréola que te fez divina!
Cruz e Souza
Uma hora só que o teu perfil se afasta,
Um instante sequer, um só minuto
Desta casa que amo — vago luto
Envolve logo esta morada casta.
Tua presença delicada basta
Para tudo tornar claro e impoluto...
Na tua ausência, da Saudade escuto
O pranto que me prende e que me arrasta...
Secretas e sutis melancolias
Recuadas na Noite dos meus dias
Vêm para mim, lentas, se aproximando.
E em toda casa, nos objetos, erra
Um sentimento que não é da Terra
E que eu mudo e sozinho vou sonhando...
Olavo Bilac
Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga...
Quase noite. Ao sabor do curso lento
Da água, que as margens em redor alaga,
Seguimos. Curva os bambuais o vento.
Vivo há pouco, de púrpura, sangrento,
Desmaia agora o ocaso. A noite apaga
A derradeira luz do firmamento.
Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga.
Um silêncio tristíssimo por tudo
Se espalha. Mas a lua lentamente
Surge na fímbria do horizonte mudo:
E o seu reflexo pálido, embebido
Como um gládio de prata na corrente,
Rasga o seio do rio adormecido.
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